Roberto de Mesquita é um dos nomes mais notáveis da poesia simbolista portuguesa. Natural de Santa Cruz das Flores, na ilha das Flores, nasceu a 19 de junho de 1871, tendo vivido ininterruptamente no arquipélago açoriano. Frequentou os estudos elementares na Terceira e no Faial, tendo trabalhado alguns anos nas vilas florentinas de Santa Cruz e nas Lajes e também em S. Roque do Pico e no Corvo, na qualidade de escrivão da Fazenda Pública, apenas por uma ocasião saiu dos Açores, no ano de 1904, tendo visitado algumas cidades de Portugal continental. Devotando-se a uma ocupação profissional que não lhe oferecia motivação e contraindo um casamento aparentemente infeliz, levou uma vida reservada, temperada apenas pela leitura, pela música na Filarmónica União Musical Florentina, onde foi primeiro-clarinete. Através do seu irmão, Carlos Mesquita, professor em Viseu, foi mantendo contacto com o que se passava nos meios literários português e europeu, compondo a sua obra poética que, embora pequena – um livro de poesia e cerca de duas dezenas de poemas publicados dispersos em jornais e revistas locais. O seu único livro, “Almas Cativas”, seria publicado em, 1931, oito anos depois da sua morte, com modesta tiragem, que parecia votada ao insucesso, passa totalmente despercebida no meio cultural português. No entanto, Vitorino Nemésio atentaria nela alguns anos depois, tendo encontrado «uma tristeza emotiva, quasi climatérica, que aflora uma alma entorpecida pela humidade dos Açores». Inicia-se, a partir daí, a divulgação da sua obra, rapidamente reconhecida como sendo o melhor que o simbolismo havia produzido em português. Com prefácio de Pedro da Silveira, a obra Almas Cativas seria reeditada em 1973 e em 1989. Roberto de Mesquita viria a falecer na sua terra natal, dia 31 de dezembro de 1923, enquanto recitava versos de simbolistas franceses e de poetas portugueses, sendo a sua obra literária apenas reconhecida postumamente.