Raúl Brandão, escritor e jornalista considerado o precursor do romance moderno em Portugal, é autor do livro “As Ilhas Desconhecidas”, uma das mais significativas obras sobre o arquipélago dos Açores, considerado «um dos melhores livros de viagens de todos os tempos na literatura portuguesa». Natural da Foz do Douro, Porto, onde nasceu a 12 de março de 1867, depois de completar o curso dos liceus e de frequentar o Curso Superior de Letras, ingressou em 1888 na carreira militar. Concluiria o curso de oficiais em Mafra, mudando-se para Guimarães, onde é colocado como alferes. Após a sua precoce aposentadoria em 1911, dedicar-se-ia ao jornalismo e à literatura, escrevendo livros como “Húmus”, a sua obra-prima, ou peças de teatro como “O Gebo e a Sombra”, que impressionaram várias gerações até aos nossos dias. Elemento ativo da “geração de 90”, influenciada pela estética decadentista- simbolista de matriz parisiense, foi desenvolvendo, num clima visionário, uma perspetiva crítica relativamente aos valores materialistas burgueses dominantes na sociedade do seu tempo. Juntamente com António Nobre e Justino de Montalvão, coordenou a publicação da revista “Os Insubmissos”, tendo também dirigido a “Revista de Hoje” com Júlio Brandão e D. João de Castro. A condição humana é o tema mais significativo da sua obra, elevado ao seu expoente máximo em obras como “História de um Palhaço” ou quando escreve as suas “Memórias”, uma das grandes referências nacionais neste género literário. Filho e neto de pescadores, em 1923 publicou o livro “Os Pescadores”, uma das suas obras mais sublimes, na qual ressalta o seu conhecimento da vida do mar. Após a sua aposentação, viveria entre a sua “Casa do Alto”, na Nespereira, em Guimarães, e a cidade de Lisboa, onde viria a falecer a 5 de dezembro de 1930, tendo sido sepultado no Cemitério dos Prazeres e, em 1934, trasladado para o Cemitério de Guimarães.