Bento de Góis foi um sacerdote jesuíta açoriano, conhecido por ter realizado uma das maiores explorações da história da humanidade. Natural de Vila Franca do Campo, ilha de São Miguel, onde nasceu em agosto de 1562, foi o primeiro europeu a percorrer o caminho terrestre entre a Índia e a China, através da Ásia Central.
Batizado com o nome de Luís Gonçalves, ingressaria na carreia militar, tendo sido destacado para a Índia, no ano de 1583. Nesse período, travaria contacto com os jesuítas do Colégio de Goa, tendo decidido ingressar na Companhia de Jesus em 1584.
Seguiria em missão pela Pérsia, Arábia, Baluchistão e Sri Lanka. Tendo regressado a Goa em 1588, momento em que alteraria o seu nome para Bento de Góis. Em 1602 partiria em busca do lendário Grão-Cataio, reino onde se afirmava existirem comunidades cristãs nestorianas. A viagem comportou um percurso de mais de seis mil quilómetros, percorridos ao longo de quatro anos, implicando grandes obstáculos naturais e a travessia de territórios hostis.
No início de 1606, chegaria a Suzhou, uma cidade da província de Jiangsu, junto da muralha da China, provando que o reino de Cataio e o reino da China eram afinal o mesmo, tal como a cidade de Khambalaik, de Marco Polo, correspondia à cidade de Pequim. Doente e com poucos meios de subsistência, aí haveria de falecer, a 11 de abril de 1607.
Possuindo um conhecimento alargado dos costumes e das línguas asiáticas, Bento de Góis registou a sua viagem num diário, documento que seria despedaçado pouco antes da sua morte. Os seus companheiros haveriam de reunir os fragmentos, que entregaram posteriormente ao padre Matteo Ricci, que haveria de compilar e publicar a narrativa dessa viagem.
Insuficientemente evocado pela história, Bento de Góis seria homenageado pela sua terra natal, em 1907, no âmbito das comemorações do tricentenário da sua morte, com a atribuição do seu nome à praça principal de Vila Franca do Campo, onde também se encontra uma estátua em sua homenagem, desde 1962.