Quase desde o início da sua história, os Açores foram um lugar de emigração. Desde o século XVII até à atualidade, os açorianos foram-se espalhando pelo mundo, com particular apetência pelos territórios americanos. Os principais destinos de emigração foram o Brasil, os Estados Unidos da América, as Bermudas, o Havai e o Canadá.
As deficientes condições socioeconómicas de uma parte da população do arquipélago, associadas às limitações impostas pela insularidade, terão sido as principais causas para este desejo alargado de procurar uma vida melhor em outros lugares do mundo.
O primeiro grande surto migratório dos açorianos sucederia em meados do século XVIII, com destino ao atual Estado de Santa Catarina no Brasil. Foram cerca de oito mil os açorianos que aceitariam partir para aquela região meridional do território brasileiro, na qual a Coroa procurava fomentar o povoamento. Até finais do século XVIII a importância desempenhada pelos Açores na colonização do território brasileiro foi evidente.
Antes disso, ainda no século XVII, existem referências ao povoamento de algumas regiões dos atuais Estados do Maranhão e do Pará por casais açorianos, além de algumas campanhas de recrutamento militar de açorianos com destino ao Brasil, realizadas na segunda metade do século XVIII, particularmente dirigidas para o Rio de Janeiro e Santa Catarina.
Um novo surto migratório para o sul do Brasil sucederia no decorrer da segunda metade do século XIX, tendo-se verificado um significativo fluxo para os Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Incentivado pelos engajadores, que recrutavam candidatos de forma clandestina, a emigração açoriana com destino ao Brasil seria fomentada pelo epílogo da escravatura e pela necessidade pungente de mão-de-obra.
Muitos destes insulares acabariam por ver gorado o seu anseio por obter riqueza do outro lado do Atlântico, encontrando muitas vezes um cenário de escassez mais expressivo do que aquele do qual provinham. No entanto, alguns açorianos, fruto do seu empreendedorismo haveriam de obter singular prosperidade, regressando algumas décadas depois ao arquipélago, onde se destacariam através de ações de benemerência, almejando reconhecimento social. Esses foram os casos, por exemplo, do picoense Barão de Santo Amaro, emigrante no Ceará, ou do seu conterrâneo, agraciado com o título de Visconde a Piedade.
Ainda no território sul-americano, sublinhe-se a emigração açoriana para o Uruguai, mais precisamente para a cidade de San Carlos, que foi fundada em 1763, por Pedro de Cevallos e por um grupo de cerca de 150 famílias insulares, sendo ainda hoje aferível a influência dos Açores naquela localidade.
Apesar do Brasil se ter afirmado como o primeiro grande destino da emigração açoriana, a partir da segunda metade do século XIX e no decorrer do século XX, os Estados Unidos da América afirmar-se-iam como destino preferencial. A seguir à Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos abririam as portas à imigração, particularmente a partir da década de 1960, incentivando um fluxo significativo de açorianos, que beneficiavam de uma singular proximidade geográfica com o continente americano.
Estima-se que atualmente o número de emigrantes de origem açoriana no território norte-americano ascenda ao milhão e meio, concentrados predominantemente nos estados da costa leste como Massachusetts e Rhoad Island e também na Califórnia.
Além destes territórios continentais americanos, também o arquipélago do Havai, igualmente vulcânico, haveria de acolher um número significativo de açorianos partir do final do século XIX. Este estado norte-americano, localizado no oceano Pacífico, ofereceriam condições de trabalho apelativas, tornando-se um polo de atração para muitos açorianos.
Também as Bermudas se revelaram como um dos lugares de mais intensa emigração, nomeadamente a partir da segunda metade do século XX. Afirmando-se como o terceiro grande destino da emigração açoriana a partir do final do século XIX, a maior parte dos emigrantes eram provenientes da ilha de São Miguel.
O Canadá foi o último dos grandes destinos da emigração açoriana, particularmente verificado na segunda metade do século passado, e que seria fortalecido pela existência de acordos bilaterais entre Portugal e o Canadá.
Apesar de ser um território demograficamente insignificante, a presença de açorianos no mundo é especialmente destacada, fruto de fortes surtos migratórios que marcaram a sua história nos séculos XIX e XX.
Entre os mais ilustres açorianos que obtiveram destaque em Portugal e no mundo, aquele que detém o mais relevante lugar na história da humanidade é indubitavelmente o célebre Bento de Góis, natural de Vila Franca do Campo, e que ficou na história como o primeiro europeu a explorar as montanhas chinesas.
Na atualidade, torna-se imperativo destacar ilustres açorianos como o futebolista Pauleta, que atuou ao mais alto nível internacional, ou Nuno Bettencourt, guitarrista da banda norte-americana Extreme. Entre os descendentes de açorianos conta-se a cantora norte-americana Katy Perry, com três trisavós açorianos, a música e atriz canadiana Nelly Furtado, que é descendente de açorianos, mas também o ator Tom Hanks, bisneto de um açoriano, ou a atriz brasileira Lília Cabral, cuja mãe é açoriana.