A autonomia do arquipélago dos Açores, concretizada com a descentralização administrativa a partir de 1975, resulta de um processo evolutivo da aspiração dos açorianos para se autogovernarem dentro do Estado português. Desde a sua descoberta e povoamento por intermédio dos navegadores ao serviço do Infante D. Henrique que os Açores foram beneficiando de um certo grau de autonomia, partido da sua organização em capitanias. Ao longo da história açoriana, é possível entrever as aspirações do poder local de se libertar da tutela centralista, entre as quais se ressalta a resistência manifestada nas Cortes de 1653 à nomeação de um capitão-geral para o arquipélago, o que viria a suceder em 1766 por intermédio do Marquês de Pombal. O advento do regime liberal, particularmente afirmado a partir de 1834, teria consequências positivas para o arquipélago dos Açores, que fora um dos esteios fundamentais desse processo. Cessaria a figura do Capitão-Geral e, como uma outra qualquer parcela do Reino, os Açores seriam divididos em três centros político- administrativos, com a criação dos distritos de Ponta Delgada, Angra e Horta. As aspirações autonómicas ressurgiriam em 1892, quando Aristides Moreira da Mota, deputado eleito pelo Partido Regenerador no círculo de Ponta Delgada, apresentou na Câmara dos Deputados o primeiro ensaio de legislação especial para o governo dos distritos açorianos, projeto que não viria a ser discutido. O movimento autonomista, que, entretanto, se desenvolveu, provocaria a promulgação, pelo governo do açoriano Hintze Ribeiro, de um decreto de organização administrativa especial para os distritos açorianos a 2 de março de 1895, considerada a primeira legislação autonómica açoriana. No rescaldo da Primeira Guerra Mundial, com a crise social e económica subsequente, renasceria o entusiasmo pela questão autonómica, tendo sido apresentada, em 1921, uma nova proposta legislativa sobre a autonomia açoriana, que replicava a que havia sido apresentada em 1892, não tendo, tal como a outra, tido seguimento. Com o advento do Estado Novo seria alimentada a esperança na criação de uma Província Autónoma dos Açores, que incrementasse uma governação política regionalista, no entanto verificou-se, pelo contrário, uma maior centralização do poder central, gorando-se as expectativas. Apesar de predisposto na Constituição de 1933 que os Açores e a Madeira teriam um regime administrativo especial, a 31 de dezembro de 1940 seria aprovado o Estatuto dos Distritos Autónomos das Ilhas Adjacentes, que fortaleceria ainda mais o centralismo administrativo, não concedendo qualquer espaço para aspirações autonomistas. A Revolução de 25 de Abril de 1974 inaugurou um novo horizonte às aspirações autonómicas do arquipélago dos Açores. Iniciaria pouco depois um período de discussão sobre o modelo político-administrativo a implementar. Nesse sentido seria designada, a 22 de agosto de 1975, a Junta Regional dos Açores, cuja missão era a elaboração de um projeto de estatuto de autonomia e dos órgãos de administração dos Açores. Após a eleição da Assembleia Constituinte, seria preparado o anteprojeto do Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma do Açores, que seria transformado no Estatuto Provisório da Região Autónoma dos Açores, aprovado a 30 de abril de 1976. Pela primeira vez, a Constituição portuguesa assumia o regime político- administrativo próprio dos Açores e Madeira, fundando-se nas particularidades geográficas, históricas, económicas e culturais desses territórios. Desenhava-se finalmente a autonomia constitucional, democrática e política do arquipélago dos Açores. As novas regiões passavam a ter uma assembleia legislativa regional, eleita por sufrágio universal, e um governo regional, politicamente responsável perante ela, coexistindo um ministro da República, a quem compete velar pela constitucionalidade da eleição e dos atos dos órgãos de governo regional. A experiência autonómica açoriana começou a concretizar-se com a eleição da primeira Assembleia Regional a 27 de junho de 1976, que tomaria posse a 21 de julho seguinte, da qual resultaria o primeiro Governo Regional, empossado a 8 de setembro do mesmo ano, que seria liderado por João Bosco Mota Amaral. O novo regime político-administrativo teria como sua missão primordial a elaboração das propostas do Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores, que seria aprovado pela Assembleia da República a 26 de junho de 1980. Antes disso, porém, a Assembleia Regional havia discutido e aprovado os seus símbolos: a bandeira e o hino. A bandeira dos Açores, com fundo azul e branco, em alusão à bandeira da monarquia liberal portuguesa, sublinha a primeira versão da "bandeira da autonomia", elaborada no final do século XIX. No canto superior esquerdo surge o escudete português, estando ao centro o Açor voante, sobre o qual surgem, em semicírculo, as nove estrelas aludindo a casa uma das ilhas do arquipélago.
O Hino dos Açores foi composto por Joaquim Lima, um músico filarmónico de Rabo de Peixe, composto durante as campanhas autonomistas da década de 1890, sendo o texto da autoria de Natália Correia.
31st March 1892 – Legislative bill that advocated a new administration for the districts of the Azores;
19th February 1893 – Creation of the Autonomy Commission in Ponta Delgada
3rd February 1894 – The Autonomy Anthem, with lyrics by Antero de Quental, was performed in public for the first time;
2nd March 1895 – Promulgation of the first Azorean Autonomous legislation;
November 1897 – First Autonomous Flag;
17th October 1921 – Draft Law for the Administrative Autonomy of the Azorean Districts;
31st December 1940 – Approval of the Statute of the Autonomous Districts of the Adjacent Islands
22nd August 1975 – Creation of the Regional Council of the Azores;
30th April 1976 – Decree on the Provisional Statute of the Azores Autonomous Region;
27th June 1976 – First elections to the Regional Assembly of the Azores;
20th and 21st July 1976 – Preliminary session of the Regional Assembly of the Azores;
4th September 1976 – Solemn opening of the Regional Assembly;
8th September 1976 – Swearing-in of the 1st Regional Government of the Azores;
10th April 1979 – Approval of the Symbols of the Azores Autonomous Region;
26th June 1980 – Approval of the Political-Administrative Statute of the Azores Autonomous Region.