«Um cavaleiro templário é verdadeiramente um cavaleiro destemido e seguro de todos os lados, pois a sua alma é protegida pela armadura da fé, assim como o seu corpo está protegido pela armadura de aço. Ele é, portanto, duplamente armado e sem ter a necessidade de medos de demónios e nem de homens.»

São Bernardo de Claraval, 1135

1118 – Fundação da Ordem do Templo: após a realização da Primeira Cruzada, que decorreu entre 1096 e 1099, foi-se tornando imperativo proteger os cristãos que peregrinavam até Jerusalém, nomeadamente no percurso de Jafa a Cesareia, durante o qual os cristãos eram vítimas de assaltos e violência. Oito cavaleiros franceses naturais da Borgonha, liderados por Hugo de Payns, deliberaram permanecer na Terra Santa com o objetivo de assegurar a proteção dos peregrinos que se dirigiam a Jerusalém. Protegidos pelo rei Balduíno II de Jerusalém (1118-1131), que os instalou numa casa onde outrora se encontrava o Templo de Salomão, designaram-se de Cavaleiros do Templo ou Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão. 1127 – Templários apresentam-se diante do Papa: com o intuito de obter o reconhecimento oficial da Ordem do Templo pela Igreja, Hugo de Payens, acompanhado por cinco dos cavaleiros templários, dirigiram-se a Roma, para se encontrarem com o Papa Honório II. Propondo-se a uma vida de oração e guerra, em silêncio e austeridade, coragem e disciplina, os pobres cavaleiros de Cristo obteriam a aceitação do Sumo Pontífice. 1129 – Aprovação da regra pelo Concílio de Troyes: um pequeno grupo de cavaleiros templários compareceu no Concílio de Troyes, com a intenção de obter o reconhecimento da sua Ordem pela Igreja Católica, tendo apresentado a redação da sua regra com 76 artigos, que contou com o suporte e influência de São Bernardo de Claraval. Vestidos com um manto branco com uma cruz vermelha exposta sobre o ombro, os templários adotariam os princípios da vida monástica, fazendo os votos de pobreza, castidade e obediência. 1136, 24 maio – Morte de Hugo Payns, primeiro Grão Mestre dos Templários: Hugh de Payns, Primeiro Grão-Mestre da Ordem do Templo era um cavaleiro da região de Champagne (França) que, em 1113, deixou a sua família para se colocar ao serviço da Cristandade, defendendo os peregrinos que assomava, à Terra Santa. Juntamente com outros cavaleiros, fundaria a Ordem do Templo em 1118. Empreenderia depois uma longa viagem através de França, Inglaterra e Escócia a fim de recrutar novos cavaleiros e fomentar a influência e prestígio da sua Ordem. Regressado a Jerusalém em 1130, Hugues de Payns haveria de falecer seis anos depois. 1139, 29 de março – Reconhecimento oficial da Ordem do Templo: os Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão são reconhecidos oficialmente pela Igreja Católica através da bula papal “Omne datum optimum”, por intermédio do Papa Inocêncio II, que lhes concede isenções e privilégios, colocando-os diretamente sob a guarda e proteção da Igreja de Roma, além do direito para edificarem os seus próprios templos e serem sepultados neles. O Papa concede-lhes igualmente tudo o que tomarem dos sarracenos, concedendo-lhes autonomia económica. 1144 - os cristãos são incentivados a doar bens à Ordem do Templo: o Papa Celestino II emana a bula “Milites templi”, concedendo indulgências aos benfeitores da Ordem do Templo e permitindo aos templários celebrar ofícios divinos, mesmo em locais interditados pela Santa Sé. Ordenava também ao clero que protegesse os membros da Ordem do Templo e encorajava os cristãos a contribuir para a sua causa. 1187, 4 de julho - Batalha de Hattin e queda de Jerusalém: derrota do exército do Reino cristão de Jerusalém perante os exércitos de Saladino, o Sultão do Egipto e da Síria. Perante este desaire, a cidade de Jerusalém seria capturada, levando à realização da malsucedida Terceira Cruzada (1189-1192). Todos os cavaleiros templários que participaram nesta batalha seriam capturados e executados por Saladino, que apreendeu Jerusalém no dia 2 de outubro seguinte. 1231 – Fortalecimento dos privilégios da Ordem do Templo: o Papa Gregório IX, através da bula "Quotiens a nobis petitur", emanada a 16 de julho de 1131, confirma a instituição e privilégios da Ordem do Templo, sendo também confirmadas todas as suas possessões e concedida licença para o acolhimento de clérigos sob a sua obediência. No mesmo ano, a 23 de julho, através da bula "Quanto maiora pro defensione", Gregório IX concederia também o direito dos templários para edificarem templos nas terras onde não exista culto cristão, ficando directamente sujeitas à Sé Apostólica. 1250 – Batalha de Mansourah: realizada no contexto da Sétima Cruzada (1248-1254), sob a liderança do Rei de França, Luís IX (1226-1270), tinha a pretensão de conquistar o Egipto, tendo em perspetiva a reconquista de Jerusalém para os cristãos, ambos governados pela Dinastia Muçulmana Aiubida. Após a conquista de Damietta, o exército cristão sofreria uma significativa derrota em Mansourah. O Rei de França seria feito prisioneiro, sendo libertado após pagamento de um resgate, numa batalha na qual duas centenas de templários terão perdido a vida. 1291 – Queda de Jerusalém: terá sido a maior derrota militar da Ordem do Templo, com um confronto em Acre, cidade marítima estratégica no domínio militar da Terra Santa. Na primavera de 1291, o maior exército que o Islão já reunira contra os cruzados avançou sobre a cidade de Acre, alcançando uma grande vitória e provocando a queda de Jerusalém na posse dos muçulmanos. Após esta derrota, as ordens militares foram obrigadas a retirar-se da Terra Santa. Recusando a fusão com os Hospitalários, a Ordem do Templo transfere a sua sede para a ilha de Chipre. 1307, 13 de outubro – acusação e prisão dos templários: na sequência de um processo calunioso urdido pelo rei de França, Filipe IV, com a conivência do Papa francês Clemente V, os templários são presos, incluindo seu grão-mestre Jacques de Molay, e todos os seus bens confiscados em território francês. São acusados de forçar novos recrutas a cuspir na cruz, forçando-os a dar beijos “obscenos”, incitando-os à homossexualidade e adorando um ídolo. O monarca francês instigou também os reis de Portugal, Espanha e Inglaterra a fazerem o mesmo. Seguiram-se sete anos de interrogatórios brutais e sessões de tortura, durante as quais uma parte dos templários pereceria. Por causa deste processo ter sido despoletado numa sexta-feira, dia 13, ainda hoje essa coincidência no calendário é considerada um dia aziago. 1312, 22 de março – extinção da Ordem do Templo: através da bula “Vox clamantis”, o Papa Clemente V extingue oficialmente a Ordem do Templo na Igreja e no mundo. A 2 de maio seguinte, transfere todos os bens Templários para os Hospitalários, exceto os de Portugal, de Castela, de Aragão e de Maiorca, que permaneceriam na posse das respetiva Coroas até ser deliberado o seu destino. Em Portugal, o rei D. Dinis instituiria a Ordem de Cristo, que daria continuidade à missão dos templários no seu território. 1314, 18 março – sentença e morte do Grão-Mestre dos Templários: Jacques de Molay, o último Grande Mestre da Ordem do Templo, e Geoffroy de Charnay, Comandante da Normandia, foram queimados vivos no adro da Catedral de Notre- Dame, em Paris, após se terem recusado admitir as acusações, mantendo-se irredutíveis na defesa intransigente da Ordem do Templo.