A comunidade judaica de Tomar é um exemplo da integração pacífica dos judeus em Portugal até à sua expulsão. Apesar de serem uma minoria no seio da comunidade, eram particularmente respeitadas as atividades económicas que desenvolviam, sentindo também liberdade para praticar os seus ritos e práticas religiosas.
A presença hebraica em Tomar tem registos desde o início do século XIV, estando cingidos a uma área predeterminada, que se localizava, todavia, nas proximidades da praça principal da povoação.
A fase mais intensa da presença dos judeus em Tomar sucedeu a partir de 1421, quando o Infante D. Henrique se tornou Administrador da Ordem de Cristo e, por conseguinte, senhor da vila de Tomar.
Fazendo uso dos seus conhecimentos em astronomia e navegação, o Infante D. Henrique aproveitou o seu contributo científico para a expansão marítima. Esse terá sido um dos motivos para a proteção de que beneficiaram nesse período, sendo estimulada a sua fixação na Rua da Judiaria, mais tarde designada rua Nova, correspondendo atualmente à rua Joaquim Jacinto. Foi neste momento que foi fundada a Sinagoga de Tomar, a casa de oração e encontro da comunidade judaica, que apenas funcionaria meio século, dada a conversão forçada ao Cristianismo a que os judeus, que pretendessem permanecer em Portugal, estiveram sujeitos após o édito de 5 de dezembro de 1496.
A Sinagoga de Tomar é o único templo hebraico proto-renascença existente em Portugal. Apresentando planta quadrangular e cobertura abobadada assente em colunas e mísulas incrustadas nas paredes, com influências orientais, foi edificada no decorrer do século XV, tendo sido encerrada em 1496, ano em que sucedeu a expulsão dos Judeus de Portugal.
Usada como templo cristão, celeiro e armazém, seria classificada como Monumento Nacional em 1921. Seria adquirida dois anos depois por Samuel Schwarz, judeu polaco, que promoveria a sua reabilitação e a doaria ao Estado Português para futura musealização.