O Convento de Santa Iria foi um antigo mosteiro de clarissas construído no início do século XVI, no mesmo local onde, segundo a tradição, Santa Iria terá sido degolada e atirada às águas do rio Nabão.
Expressão da arte manuelina, renascentista e maneirista, o edifício conventual encontra-se em posição ribeirinha, debruçado sobre o rio Nabão, destacando-se no conjunto a Capela de Santa Iria, que terá origem na segunda metade do século XV.
Com planta retangular de uma única nave, este templo encontra-se revestido por um teto de caixotões decorado com pinturas ornamentais e paredes forradas a azulejos com padrão “ponta-de-diamante”. Possui ainda uma porta manuelina que faz a ligação à sacristia, ostentando um calvário em pedra de Ançã e uma exuberante decoração alusiva ao Espírito Santo na sua capela-mor.
Com uma frontaria inserida plenamente nos cânones da arte renascença, facto aferível no pórtico e janela delineados por Nicolau de Chanterene, exibe ainda um nicho com a imagem de Santa Iria num dos cunhais do edifício. Sob este nicho encontra-se a escultura de um touro voltado para o Castelo de Tomar, cujo significado tem sido associado aos Templários e à constelação de Arcturus, que está relacionada com a personagem do Rei Artur e as narrativas da Távola Redonda e do Santo Graal.
No interior, o grande destaque vai para o retábulo de Cristo crucificado, inserido na Capela dos Vales, que tem sido atribuído ao escultor João de Ruão. O claustro conventual exibe também proporções e decoração renascentistas.
Um dos elementos mais relevantes no seu entorno é o Arco das Freiras, uma passagem aérea sobre a Rua de Santa Iria, que liga o Convento ao antigo Palácio de Frei António de Lisboa.
Após a extinção das ordens religiosas e morte da sua última freira professa, o edifício seria vendido em hasta pública, tendo servido de armazém, hospedaria e fábrica de lanifícios, até que, no ano de 2004, seria adquirido pela Câmara Municipal de Tomar. Devido à sua valia histórica e artística, a Capela de Santa Iria seria classificada como Monumento Nacional a 11 de julho de 1920.