Maria Lamas

Maria Lamas

BIOGRAFIA

Maria Lamas (1893-1983) foi uma jornalista, escritora e ativista portuguesa, figura central na defesa dos direitos das mulheres. Nascida em Torres Novas, destacou-se no jornalismo como diretora da revista Modas e Bordados, onde introduziu conteúdos culturais e sociais inovadores. Percorreu o país para documentar a vida das mulheres portuguesas, resultando na obra As Mulheres do Meu País (1948), um retrato profundo e pioneiro sobre as desigualdades e a realidade feminina. Militante antifascista, participou ativamente em diversos movimentos democráticos, tendo sido presa pela PIDE devido à sua oposição ao Estado Novo. Viveu anos no exílio, regressando a Portugal após o 25 de Abril. Maria Lamas é lembrada como símbolo de coragem, independência e compromisso social, deixando um legado que une literatura, jornalismo e luta política.

O PRIMEIRO DE MAIO

MARIA BROWNE

Entra hoje o mês das flores,
Lindo Maio, o perfumado;
Em que todo o namorado
Dá um ramo aos seus amores!
A não serem dissabores,
Um também te houvera dado.

Dera-te uma bela rosa
Só meia desabrochada;
Inda de pranto banhada
D’aurora pura e formosa!
Imagem da desditosa,
Com meia vida roubada!

Um jasmim também te dera…
É tão alvo e delicado!…
Em seu cálix apertado
Doce lágrima se gera,
Que à memória te trouxera
Um peito nunca manchado!

Mas eu só tinha um amor,
Que encontrei murcho no chão!
Calcado sem compaixão,
Já não parecia uma flor!
Ah! quem não teria dor
De assim ver a perfeição?

O meu jardim acabou;
Já não tenho mais que dar:
Para dele me lembrar
Só uma silva ficou
Selvagem, que se criou
Para prender, e rasgar!

pt_PT