BIOGRAFIA
Na tradição indígena amazónica, “Cunhã-Poranga” é o termo que designa a jovem mais bela e virtuosa de uma tribo, frequentemente associada a rituais e a papéis simbólicos de liderança feminina. A figura ganhou especial destaque no folclore do Boi-Bumbá de Parintins, onde a Cunhã-Poranga é personagem central, representando a força, a beleza e a identidade da mulher indígena. Além do seu papel cultural, o título carrega significados ligados à preservação de costumes, ao orgulho étnico e à afirmação das tradições amazónicas. A representação da Cunhã-Poranga ultrapassou fronteiras regionais, tornando-se símbolo de valorização da mulher indígena e das raízes brasileiras. Embora não seja uma figura histórica com biografia documentada, a sua imagem inspira narrativas que unem feminilidade, bravura e dignidade. É também um elemento vivo de resistência cultural frente à homogeneização imposta pela modernidade.
CORA CORALINA, QUEM É VOCÊ?
CORA CORALINA
Sou mulher como outra qualquer.
Venho do século passado
e trago comigo todas as idades.
Nasci numa rebaixa de serra
entre serras e morros.
“Longe de todos os lugares”.
Numa cidade de onde levaram
o ouro e deixaram as pedras.
Junto a estas decorreram
a minha infância e adolescência.
Aos meus anseios respondiam
as escarpas agrestes.
E eu fechada dentroda imensa serrania
que se azulava na distância
longínqua.
Numa ânsia de vida eu abria
o vôo nas asas impossíveis
do sonho.
Venho do século passado.
Pertenço a uma geração
ponte, entre a libertação
dos escravos e o trabalhador livre.
Entre a monarquia
caída e a república
que se instalava.
Todo o ranço do passado era
presente.
A brutalidade, a incompreensão,
a ignorância, o carrancismo.
