Fernando Lopes Graça foi um dos maiores nomes da música em Portugal no século XX. Compositor, pianista, musicólogo e maestro, nasceu em Tomar a 17 de dezembro de 1906. Deixando-se seduzir pela música desde a mais tenra idade, com apenas com 14 anos, começou a colaborar como pianista no Cine-Teatro de Tomar, iniciando-se nos arranjos e composições musicais. Em 1923 ingressou no Curso Superior do Conservatório de Lisboa, tendo concluído, com a mais alta classificação, as provas de concurso para Professor de Solfejo e Piano. Em 1928 iniciaria a frequência do curso de Ciências Históricas e Filosóficas, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, que viria a abandonar abruptamente em 1931, em revolta pela repressão política vigente. Em 1937 continuaria os seus estudos em Paris, onde concluiu o curso de Musicologia, tendo também estudado Composição e Orquestração com Koechlin. Ativista político desde a sua juventude, tendo sido detido pela polícia política em diversas ocasiões, foi dirigente do Movimento de Unidade Democrática e militante do Partido Comunista Português desde 1948. Criador de uma significativa obra musical, fundou e dirigiu ao longo de quatro décadas o Coro da Academia de Amadores de Música, no qual realizou um notável trabalho de recriação de temas da música tradicional portuguesa, em estreita colaboração com o etnólogo Michel Giacometti. Além da composição musical, revelou-se como um exímio musicólogo, tendo sido autor de inúmeros ensaios e críticas na área da música, teatro e bailado, muitos deles publicados na “Gazeta Musical e de todas as Artes”, periódico de que também foi fundador e redator principal. Amante das letras, devotou-se também à literatura, através da escrita de prosa, bem como à tradução de grandes obras literárias. Condecorado como Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (1981) e com a Grã-Cruz da Ordem do Infante Dom Henrique (1987), viria a falecer a 27 de novembro de 1994 em Cascais, encontrando-se o seu espólio musical no Museu da Música Portuguesa.