Santa Iria é considerada a padroeira da cidade de Tomar. Mártir do século VII, que terá nascido na cidade de Nabância, antecessora de Tomar, no ano de 635, cresceu no seio de uma família cristã, tendo decidido seguir a vida religiosa num convento beneditino, governado pelo seu tio, o Abade Célio. Britaldo, filho do senhor do senhor daquelas terras, avistou Iria e ficou perdidamente apaixonado por ela. Tendo adoecido de amor, foi visitado por Iria que, compadecida por ele, pediu-lhe que a esquecesse, porque se queria devotar apenas a Deus, tendo-se comprometido a nunca se entregar a ninguém. Além de Britaldo, também o frade Remígio não conseguiria ficar indiferente à beleza de Iria. Atormentado de ciúmes, deu-lhe a beber um remédio que lhe fez inchar a barriga, como se estivesse grávida. Iria seria depois expulsa do convento, por presumivelmente ter quebrado os votos de castidade. Sabendo do sucedido, e sentindo-se traído, Britaldo degolou-a junto ao rio Nabão, tendo atirado o seu corpo às águas. Levado pelas águas até ao rio Tejo, o corpo de Iria seria encontrado incorrupto junto da cidade de Scallabis (Santarém). Seria depois sepultado num túmulo de mármore e, devido à muita devoção, a cidade de Scallabis, passaria a chamar-se Santarém em sua homenagem. Seis séculos depois, as águas do Tejo voltariam a abrir-se para revelar o túmulo ao Rei D. Dinis e à Rainha Santa Isabel, cujo padrão-memorial se ergue junto ao Tejo, com a imagem de Santa Iria a proteger os povos ribeirinhos das cíclicas cheias que os costumavam afetar. A evocação de Santa Iria é realizada anualmente pelos tomarenses a 20 de outubro, dia em que são lançadas pétalas de flores ao rio Nabão, para relembrar o seu martírio. Em homenagem à sua padroeira, Tomar continua a realizar a Feira de Santa Iria, criada em 1626 pelo Rei Filipe III como feira de tendeiros, merceeiros, ourives, sapateiros, oleiros e peixeiros, atualmente enriquecida com a Feira das Passas.