1427 - Descoberta da Ilha de São Miguel: Acredita-se que a ilha de São Miguel tenha sido reconhecida no mesmo momento que a ilha de Santa Maria, que, segundo o testemunho do catalão Gabriel de Valseca, terá sucedido em 1427 por intermédio do navegador Diogo Silves. No entanto, poderá ter sucedido também apenas em 1439, ano em que Gonçalo Velho Cabral partiria em missão para os territórios ocidentais do arquipélago. Segundo o relato coevo de Diogo Gomes de Sintra, o Infante D. Henrique, desejando conhecer se haveria ilhas ou terra firme nas regiões afastadas do Oceano ocidental, enviou navegadores que encontrariam primeiramente as ilhas de Santa Maria e de São Miguel, achando-as desabitadas. Lá avistariam muitas aves, entre as quais identificariam açores. 1444 - Povoamento da ilha de São Miguel: Constituindo uma única capitania juntamente com a ilha de Santa Maria, o seu primeiro capitão do donatário, Gonçalo Velho Cabral, lançaria gado miúdo na ilha, de forma a perceber se seria viável a sobrevivência no seu território, onde subsistiam indícios de vulcanismo ativo. Após o primeiro desbravamento do território, a ilha de São Miguel iniciaria oficialmente o seu povoamento a 29 de setembro de 1444, dia da celebração do Arcanjo São Miguel, patrono de Portugal e santo da especial devoção do Infante D. Pedro, então Regente do Reino, sendo por esse motivo assim designada. ------------- c. 1440 — Erupção vulcânica nas Sete Cidades: enquanto decorria o processo de identificação e povoamento da ilha de São Miguel, terá ocorrido a última erupção vulcânica do vulcão, em cuja caldeira atualmente de localiza a lagoa das Sete Cidades. Não há notícias seguras sobre esta erupção, mas, segundo Gaspar Frutuoso, os navegadores que se dirigiam à ilha de São Miguel, imediatamente após a sua descoberta, encontrariam o seu território ocidental alterado, flutuando junto à sua costa diversos troncos e pedras-pomes. Os primeiros colonos, que se instalaram na Povoação, sentiram estrondos e tremores de terra durante quase um ano. c. 1490 - Fundação da Calheta por Pêro de Teive O centro administrativo da ilha de São Miguel havia sido instalado em Vila Franca do Campo e Ponta Delgada era uma singela povoação localizada no seu entorno, assim chamada por estar situada junto de uma ponta de pedra, delgada e quase rasa com o mar, junto da qual seria edificada uma ermida de Santa Clara. Deve-se à iniciativa do escriba Pêro de Teive a abertura de uma calheta, com o objetivo de encontrar um lugar com melhores condições para as embarcações aportarem na ilha, devido aos perigos e dificuldades da sua acidentada e escarpada zona costeira. Mobilizando a população, Pêro de Teive empreendeu a despedração da enseada que se abria junto do bairro piscatório de São Pedro. Aquela calheta tornar-se-ia rapidamente no principal porto da ilha, em detrimento da irregular zona portuária de Vila Franca do Campo. ----------- 1499 - Elevação de Ponta Delgada a Vila O surgimento do ancoradouro de Ponta Delgada, até hoje designado como Calheta Pêro de Teive, conduziu a um significativo desenvolvimento urbano e demográfico daquela povoação, motivo que levaria o mesmo Pêro de Teive, a subscrever uma missiva dirigida ao monarca português, na qual solicitava o reconhecimento de Ponta Delgada como vila, fomentando a sua autonomia relativamente a Vila Franca do Campo. Indo de encontro às pretensões dos ponta- delgadenses, e também da preponderância económica e comercial do seu porto, o Rei D. Manuel I, elevaria Ponta Delgada a vila no ano de 1499. 1518 – Instalação da Alfândega em Ponta Delgada Após a criação do seu porto, Ponta Delgada iria crescer significativamente, na proporção inversa do definhamento de Vila Franca do Campo. Esta situação seria fomentada pela instalação da Alfândega em Ponta Delgada no ano de 1518, resultado das melhores condições oferecidas pelo seu porto às embarcações provenientes do continente. 1522 - Terramoto em Vila Franca do Campo: Na noite de 21 para 22 de outubro, um violento sismo provocou um grande deslizamento de terras nas encostas sobranceiras a Vila Franca do Campo, causando o soterramento da maior parte da vila e provocando a morte a milhares de pessoas. O sismo causou ainda estragos em outras povoações da ilha, nomeadamente na Maia e em Ponta Garça. Esta catástrofe provocaria a transferência de uma parte significativa dos moradores de Vila Franca do Campo para Ponta Delgada, sublinhando a sua importância na ilha de São Miguel. ----------- 1525 – Fundação do Convento de Nossa Senhora da Conceição em Ponta Delgada: Na sequência do terramoto de Vila Franca do Campo, os franciscanos haveriam de instalar o seu convento em Ponta Delgada. Na sequência de uma solicitação do comissário da Ordem de São Francisco de Assis, é cedida aos franciscanos a ermida de Nossa Senhora da Conceição, junto da qual iniciariam a edificação do seu convento, por intermédio de Frei Vasco de Taveira. O atual templo seria construído no início do século XVIII, com planta de três naves e cabeceira tripartida, e ornamentações do período barroco. Após a extinção das ordens religiosas, ocorrida em 1834, o seu templo tornar-se-ia na sede da paróquia de São José, enquanto a zona conventual seria entregue à Misericórdia para aí instalar o hospital da cidade. O nome da praça fronteira conserva até hoje a referência a este antigo cenóbio, sendo designada de Campo de São Francisco. 1535 – Fundação do Convento de Nossa Senhora da Esperança em Ponta Delgada: o convento de religiosas clarissas, devotado a Nossa Senhora da Esperança, foi iniciada em 1535, sob o patrocínio de Rui Gonçalves da Câmara, capitão-donatário de São Miguel. Em 1541 ingressariam neste convento as primeiras freiras, provenientes do Convento da Caloura, que encerraria em virtude da sua exposição ao ataque de corsários. As religiosas trariam consigo a imagem do Senhor Santo Cristo dos Milagres, a mesma que, mais de um século depois, seria revelada ao culto por iniciativa de Madre Teresa da Anunciada. ----------- 1546 - Elevação de Ponta Delgada a cidade: Ponta Delgada foi elevada a cidade, durante o reinado de D. João III, segundo a carta régia de 2 de abril de 1546. Alguns anos depois, em 1554, o mesmo monarca criaria também o ofício de Juiz de Fora, sublinhando a preponderância de Ponta Delgada, não apenas no contexto da ilha de São Miguel, mas também a nível do arquipélago dos Açores, equiparando-a à cidade de Angra, então principal localidade açoriana. c. 1560 – Início da construção do Forte de São Brás: o forte de São Brás foi construído para a proteção da cidade de Ponta Delgada, muito afetada por ataques de corsários e piratas. A sua construção seria iniciada depois de 1560, com projeto de Isidoro de Almeida, reformado depois com traçado abaluartado da escola italiana. Apresentando uma planta quadrangular, composta por quatro baluartes, seria alterado no decorrer do século XVIII com a construção de um quartel. 50 Considerada a primeira fortificação totalmente abaluartada levantada no espaço ultramarino português que chegou até aos nossos dias, é a mais poderosa fortificação da ilha de São Miguel, erguendo-se em posição dominante sobre a cidade de Ponta Delgada. No século XX, na sequência das Guerras Mundiais, sofreria alterações para a instalação de posições de metralhadoras pesadas. 1563 - Erupção vulcânica na Lagoa do Fogo: A erupção vulcânica, que decorreu na caldeira do vulcão onde atualmente se encontra a Lagoa do Fogo, iniciou-se a 29 de junho de 1563, sendo precedida de pelo menos cinco dias de violentos sismos que provocaram enorme destruição na ilha de São Miguel. A erupção, do tipo pliniana, revelou extrema violência, causando muitas mortes e enorme destruição. As emissões de gases detinham tal dimensão, que eram visíveis nas ilhas do Grupo Central. Quase em simultâneo decorreria uma erupção estromboliana no Pico do Sapateiro, na Ribeira Seca. ----------- 1582 - Batalha Naval de Vila Franca do Campo: A Batalha Naval de Vila Franca do Campo foi um combate travado no dia 26 de julho de 1582, entre uma força luso-francesa e uma armada castelhana, que integrava também parte da armada portuguesa. Este confronto sucedeu no contexto da guerra civil que se seguiu à aclamação de D. António Prior do Crato e à ascensão de Filipe II de Espanha ao trono português. As forças luso-francesas seriam derrotadas, obrigando à retirada de D. António Prior do Crato, que se refugiaria na ilha Terceira. 1592 - Fundação do Colégio de Todos os Santos: O Colégio da Companhia de Jesus em Ponta Delgada foi iniciado a 1 de novembro de 1592, dia de Todos-os-Santos. O templo, contruído no decorrer do século XVII, é um dos mais significativos exemplos de arquitetura barroca açoriana, tendo acolhido uma das pregações do padre António Vieira, em 1654. Após a expulsão dos jesuítas, ocorrida em 1759, o edifício do Colégio seria adquirido por Nicolau Maria Raposo do Amaral. Imóvel de Interesse Público desde 1953, acolhe atualmente a Biblioteca Pública e Arquivo de Ponta Delgada. 1630 — Última erupção do vulcão das Furnas: A erupção do vulcão das Furnas, cuja caldeira corresponde à lagoa homónima, do tipo pliniano, iniciou-se a 3 de setembro de 1630, sendo precedida por violentos sismos. Segundo os registos, provocou a morte de 191, tendo provocado uma enorme devastação no seu entorno, devido aos sismos e à deposição de material pomítico. A nuvem de cinza foi tão densa que afetaria todas as ilhas do arquipélago. -------------- 1700 – Primeira procissão em honra do Senhor Santo Cristo dos Milagres: Foi no ano de 1700 que sucedeu o primeiro ato devocional público em honra do Senhor Santo Cristo dos Milagres, com a realização de uma procissão pelas ruas de Ponta Delgada. Realizada na sequência das iniciativas empreendidas por Madre Teresa da Anunciada, tendo em vista o fortalecimento do culto à imagem do Senhor Ecce Homo, venerada no interior do Convento de Nossa Senhora da Esperança, a procissão decorreu no dia 11 de abril de 1700. As Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres tornar-se-iam na maior manifestação da religiosidade do povo açoriano. 1835 – Criação do Distrito Autónomo de Ponta Delgada: O distrito de Ponta Delgada foi criado em 1835, no âmbito da reforma político-administrativa do regime liberal, incluindo as ilhas de São Miguel e de Santa Maria. Ao mesmo tempo, seria criado o Distrito de Angra do Heroísmo, que incluía as ilhas Terceira, São Jorge e Graciosa. No ano seguinte também a cidade da Horta passaria a acolher um dos distritos insulares, incluindo as ilhas do Faial, Pico, Flores e Corvo. Os três distritos açorianos seriam formalmente extintos a 22 de agosto de 1975, com a criação da Junta Regional dos Açores, órgão de governo provisório que assumiu as respetivas competências, ativos e passivos, na sequência do processo de instauração da autonomia constitucional dos Açores. ---------- 1840 - Misericórdia de Ponta Delgada instala hospital no extinto convento franciscano: Na sequência da extinção das ordens religiosas, implementada a partir de 1834, e da consequente desamortização dos bens, a Santa Casa da Misericórdia de Ponta Delgada solicitou o edifício do antigo convento franciscano para aí instalar o Hospital, que se encontrava no espaço atualmente ocupado pela Casa Bensaúde. O edifício seria cedido em 1840, sendo, entretanto, ampliado e adaptado à sua nova missão. Do antigo convento ainda se conserva o claustro de dois pisos. Fundada em 1513, a Santa Casa da Misericórdia desenvolveria a missão hospitalar desde os finais do século XVI, tendo dirigido o Hospital de Ponta Delgada até 1975, data em que foi nacionalizado. Em 1999 seria transferido para as atuais instalações. 1975 – Ponta Delgada é capital da Região Autónoma dos Açores: A Revolução de 25 de Abril de 1974 inaugurou um novo horizonte às aspirações autonómicas do arquipélago dos Açores. Após a nomeação da Junta Regional a 22 de agosto de 1975, seria aprovado o regime político- administrativo próprio do arquipélago, fundando-se nas suas particularidades geográficas, históricas, económicas e culturais. Os Açores passavam a ter uma assembleia legislativa regional, eleita por sufrágio universal, e um governo regional, que ficaria instalado em Ponta Delgada, a maior cidade açoriana, fixando-se no Palácio da Conceição, uma elegante edificação oitocentista, construída em anexo ao antigo convento homónimo, do qual resta ainda o templo.