Maria Bonita e Lampião

Maria Bonita e Lampião

BIOGRAFIA

Maria Bonita (1911-1938), nascida Maria Gomes de Oliveira, é lembrada como a “Rainha do Cangaço” e companheira de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, líder do mais famoso grupo de cangaceiros do Nordeste brasileiro. Natural do município de santo António da Glória, atual município de Paulo Afonso, Bahia, uniu-se a Lampião por volta de 1930, tornando-se a primeira mulher a integrar o bando de forma ativa. Viveu anos na catinga, participando em deslocações, combates e estratégias do grupo, que desafiava as autoridades e representava para alguns, resistência social e, para outros, criminalidade. O casal construiu uma imagem lendária, envolta em histórias de coragem, violência e romance. Em 1938, Maria Bonita e Lampião foram mortos numa emboscada em Angico, Sergipe. A sua figura permanece no imaginário popular, inspirando canções, filmes e estudos sobre o cangaço, simbolizando a força e a transgressão feminina num contexto de adversidade extrema.

A DIVISIBILIDADE: A VISIBILIDADE A DOIS

LUIZA NETO JORGE

A mulher divide-se em gestos particulares
O homem divide-se também. Se o átomo é
Divisível só poeta o diz.

A mulher divide-se em gestos
Extremos coloridos arenosos destilados.

Dois homens são duas divisões de uma
Casa que já foi um animal de costas
Para o seu pólo mágico.

A divisibilidade da luz aclara os mistérios.
A mulher tem filhos. Descobrem-se
Partículas soltas um dedo mínimo
O peso menos pesado da balança
Um cabelo eloquente em desagregação

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