BIOGRAFIA
Graça Morais (n. 1948) é uma pintora portuguesa de renome internacional, cujo trabalho se caracteriza por uma ligação profunda à cultura e às tradições de Trás-os-Montes, onde nasceu, na aldeia de Vieiro, concelho de Vila Flor. Formada na Escola Superior de Belas-Artes do Porto, construiu uma obra que cruza o universo rural e a condição humana, com uma paleta rica e um traço expressivo. As suas figuras femininas, muitas vezes inspiradas em camponesas, são um elemento central, carregando memórias, emoções e simbolismos. Expôs em Portugal e no estrangeiro, com destaque para Paris, Macau, Madrid e São Paulo, e representou o país em bienais e mostras de prestígio. Recebeu várias distinções, incluindo o grau de Grande Oficial da Ordem Infante D. Henrique. O Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, em Bragança, é testemunho do reconhecimento da sua carreira. O seu trabalho é também um ato de preservação cultural, mantendo viva a memória das gentes e paisagens transmontanas. Graça Morais é hoje uma referência incontornável da arte contemporânea portuguesa.
TATEIO
HILDA HILST
Tateio. A fronte. O braço. O ombro.
O fundo sortilégio da omoplata.
Matéria-menina a tua fronte e eu
Madurez, ausência nos teus claros
Guardados.
Ai, ai de mim. Enquanto caminhas
Em lúcida altivez, eu já sou o passado.
Esta fronte que é minha, prodigiosa
De núpcias e caminho
É tão diversa da tua fronte descuidada.
Tateio. E a um só tempo vivo
E vou morrendo. Entre terra e água
Meu existir anfíbio. Passeia
Sobre mim, amor, e colhe o que me resta:
Noturno girassol. Rama secreta.