Mary Cassatt

Mary Cassatt

BIOGRAFIA

Mary Cassatt (1844-1926) foi uma pintora e gravadora norte-americana associada ao movimento impressionista, sendo uma das poucas mulheres a integrar o círculo de artistas impressionistas. Nascida na Pensilvânia, estudou arte nos Estados Unidos e em Paris, onde viveu grande parte da vida. Cassatt é célebre pelas representações intimistas de mulheres e crianças, explorando a ternura e a complexidade das relações familiares. A sua paleta suave e pinceladas soltas refletem a influência impressionista, mas o seu trabalho mantém identidade própria. Foi defensora do acesso das mulheres às artes e incentivou colecionadores americanos a adquirirem obras impressionistas, contribuindo para a sua valorização. Hoje, as suas obras estão em grandes museus, como o Metropolitan Museum of Art e o Musée d’Orsay, e Mary Cassatt é reconhecida como pioneira do reconhecimento da arte feminina no século XIX.

ELEGIA PARA MINHA MÃE

MANUEL BANDEIRA

Nesta quebrada de montanha, donde o mar
Parece manso como em recôncavo de angra,
Tudo o que há de infantil dentro em minh’alma sangra
Na dor de te ter visto, é Mãe, agonizar!

Entregue à sugestão evocadora do ermo,
Em pranto rememoro o teu lento martírio
Até quando exalaste, à ardente luz de um círio,
A alma que se transia atada ao corpo enfermo.

Relembro o rosto magro, onde a morte deixou
Uma expressão como que atônita de espanto.
(Que imagem de tão grave e prestigioso encanto
Em teus olhos já meio inânimes passou?)

Revejo os teus pequenos pés… A mão franzina…
Tão musical… A fronte baixa… A boca exangue…
A duas gerações passara já teu sangue,
— Eras avó —, e morta eras uma menina.

No silêncio daquela noite funeral
Ouço a voz de meu pai chamando por teu nome.
Mas não posso pensar em ti sem que me tome
Todo a recordação medonha de teu mal!

Tu, cujo coração era cheio de medos
— Temias os trovões, o telegrama, o escuro —
Ah, pobrezinha! um fim terrível, o mais duro,
É que te sufocou com implacáveis dedos.

Agora se me despedaça o coração
A cada pormenor, e o revivo cem vezes,
E choro neste instante o pranto de três meses
(Durante os quais sorri para tua ilusão!),

Enquanto que a buscar as solitárias ânsias,
As mágoas sem consolo, as vontades quebradas,
Voa, diluindo-se no longe das distâncias,
A prece vesperal em fundas badaladas!

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